A saga do escritor maldito sempre se confirma



Publiquei este livro faz duas semanas.
Mil exemplares em papel.
Preço: R$ 19 (www.editorasulina.com.br)
Contei meus seguidores no twitter.
Contei meus seguidores no facebook.
Descontei as sobreposições.
Calculei que o livro se esgotaria em meia hora.
Estabeleci que viraria cult, um novo Guy Debord, em uma semana.
Botei espumante no gelo para comemorar a maldição.
Sentei-me para esperar.
Crio um conceito, um neologismo: midíocre.
Livreiros e distribuidores ligam para avisar que tem um erro na capa.
As redes sociais ignoram-me.
Saboreio o silêncio da maldição.
Reli um trecho, a minha “tese” 170:
“A civilização em rede é um apocalipse cujos arautos se expressam por imagens sem hecatombes. O ocaso do papiro e do pergaminho anunciaram novos tempos de progresso e de redenção terrena. O ocaso do papel anuncia um salto histórico sem precedentes. Um avanço quântico para as origens, a emancipação como coletivo inteligente, o nascimento de uma nova categoria, o individualismo coletivo, o homem como parte de um todo articulado, mas sem vinculação mecânica ou dependência sequencial. Nenhuma inteligência artificial, porém, como sabia Jean Baudrillard, salvará o homem da sua estupidez natural, cuja principal característica é a impossibilidade do avanço do imaginário – ruptura com o irracional e com o não-racional – sem uma perda letal de subjetividade. O paradoxo do imaginário consiste nessa necessidade de uma aparente pobreza para ser rico. Um mundo totalmente científico seria árido. A razão jamais dá conta da desrazão da existência”.
A consagração atrasou um pouco.
Ainda sobram 998 livros.
Creio que em mais meio século tudo estará resolvido.
Comemoro.
Postado no blog Juremir Machado da Silva em 17/08/2012

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