Eles perderam de novo



Todo profissional da comunicação deveria conhecer, nem que fosse um pouquinho, o conceito de Jornada do Herói. 

Existe na literatura épica e, sobretudo, na mitologia. É um recurso clássico, usado seja na Odisseia de Ulisses, nos Lusíadas, de Camões ou mesmo no popularíssimo Alquimista, de Paulo Coelho.

Se a turma que hoje conta histórias para a TV, Rádio, revistas e jornais soubesse do poder que um mito agrega ao despertar o imaginário coletivo, sobretudo em se tratando de um personagem popular, teria mais cuidado com a trama e seus personagens. 

A mídia já experimentou essa mitificação em relação ao Collor (e funcionou por um tempo) e em relação à Lula (neste caso seu oposto complementar, a vilanização, que não funcionou).

Por que em Lula não colou? Porque Lula é um herói épico. Sua origem, sua história e seu destino são - na prática - o que ancestralmente experimentamos no nosso imaginário, ou na nossa fantasia.

E, por isso, toda vez que os eleitores se entendem trapaceados eles silenciosamente viram o jogo. 

Foi assim em 2006 (com o dinheiro na cueca) e voltou a se repetir com Dilma em 2010 (com a bolinha de papel).

Em ambos os casos a mídia construiu farsas cujo caráter era exclusivamente o de derrotar seus adversários, porque não dizer inimigos políticos. 

No caso de Genoíno, mais uma vez a farsa foi imposta via mídia e Joaquim Barbosa. Não convenceu. 

Mais uma vez o povo entendeu que havia algo de errado na sanha justiceira. 

Ao arrepio da Lei de Execuções Penais e sob bombardeio de uma empresa midiática que deve, e muito, a fraude foi desmascarada mais uma vez pela internet e foi preciso recuar. 

Assim, Genoíno foi transformado, da noite para o dia, num mártir injustiçado; em alguém que, no fim da vida, luta pela verdade diante de inimigos poderosos, insensíveis, cruéis e desonestos.

O roteiro - forjado por incompetentes - pariu não um vilão, mas um novo herói; acendeu a chama da militância e desencadeou uma rejeição sem precedentes.

Foi preciso recuar, baixar as armas e entregar os soldados da linha de frente às "bestas-feras" que - agora - estão sedentas por sangue.

Barbosa puxa o cordão. Quem virá atrás dele é apenas uma questão de tempo. E todos serão julgados pela pior instância: o povo.


Postado no blog DoLadoDeLá em 21/11/2013


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