Aos amigos malucos que a gente tem





Juliana Valentim

Eu quero ter amigos que caminham por essa vida com paixão. Amigos que cumprimentam os vizinhos por vontade, não por obrigação. Eu quero ter amigos que caem na pista para dançar qualquer música, de qualquer estilo, desde que a festa esteja boa. E que dançam sem medo do que vão pensar da desenvoltura dos seus passos mal ensaiados. Eu quero ter amigos que rebolam! E se, porventura, perderem o rebolado pelos caprichos da vida, que eu possa ajudar a reencontrá-lo.

Quero ter amigos malucos (do bem)! Porque amigos malucos dizem muito sobre uma pessoa. Amigos que não precisam das redes sociais para mostrar que se amam, amigos que acordam na madrugada para ajudar a tirar o seu carro que atolou na lama. Escolho meus amigos não pela pele, mas pela pupila. Assim como Oscar Wilde escolhia os dele.

Eu quero ter amigos que me levem para comer pastel na feira, em uma noite de lua cheia, depois de um longo dia de trabalho. Amigos que sabem que um pastel com caldo de cana pode valer mais do que um prato caro no restaurante chique do bairro.

Quero ter todos os tipos de amigos: os que me ajudam a atravessar a ponte, os que me empurram da ponte (quando isso for o melhor pra mim) e os que se jogam da ponte comigo. Sem contar os que já estão lá embaixo para me segurar, caso eu caia da ponte sem querer.

Eu quero ter amigos dentro do armário, fora do armário, e onde mais quiserem estar! Quero ter amigos que topam tomar uma cerveja no pé sujo, com copo de requeijão engordurado, só para ouvir aquele samba bom. Amigos que se divertem, no samba ou em qualquer lugar. E que saem da dieta, vez por outra, pela coxinha da Dona Zilá.

Eu quero ter amigos que batalham pelo que querem, seja o que for. E que não me julguem quando o que eu quiser for outra coisa. Quero ter amigos que gostam de flor, de cachorro e de criança. Quero também aqueles que preferem videogame. Quero amigos casados e solteiros, desde que procurem a felicidade. Mas se a tristeza bater, que acreditem, podemos enfrentar juntos qualquer fase.

Eu quero ter amigos que saibam perdoar quando eu falar besteira. E que não me troquem facilmente por outra amizade que aparecer, pois sabem que no coração sempre cabe mais um. Quero ter amigos de infância que viveram comigo a dor e a delícia da adolescência desengonçada de buços fartos e monocelhas.

Eu quero ter amigos de riso fácil, abraço largo e um aconchego indizível. E que o meu colo possa oferecer tudo isso para eles também. Amigos que me conhecem e, mesmo assim, me amam. Que eles saibam que a recíproca é verdadeira.

“Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril”. Foi Oscar Wilde, novamente, quem disse isso. Com certeza, um cara rodeado de bons amigos.


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