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Não tem antiácido que cure palavras e ofensas indigestas




Prof. Marcel Camargo

Não é fácil envelhecer, mas é muito bom amadurecer. A idade retira colágeno de nosso organismo, mas injeta sabedoria em nossas veias. A gente vai ficando mais forte, mais paciente, menos bobo, menos trouxa. As pessoas vão perdendo o poder de nos ferir, porque os tombos da vida formam uma casca emocional na gente, capaz de filtrar com mais eficiência o que deve ficar ou não dentro da gente.

A maturidade faz a gente se olhar com mais carinho, faz a gente tentar entender como somos e os motivos que nos levam a agir de um ou de outro jeito. Costumamos ser muito exigentes com nós mesmos e isso nos faz acumular muita culpa, muito remorso, muito peso. Amadurecer alivia isso tudo, porque a gente se perdoa mais, a gente se gosta mais, a gente se liberta do que os outros dizem ou pensam. E isso é muito bom.

Com o tempo, a gente começa a dar mais valor a coisas frugais, simples. Passamos a enxergar pessoas que nem víamos antes. Temos mais memórias acumuladas, uma lista de saudades, cicatrizes e marcas fundas, por fora e por dentro. Temos a certeza de que nada se controla, nada é uma certeza além do agora. O tempo junto a quem amamos passa a ter um valor imenso, porque a ideia de finitude fica mais próxima. A gente quer mesmo é aproveitar o que e quem nos fazem bem.

E a gente para de engolir palavras, sentimentos, desejos, vontades. A gente se afasta cada vez mais daquele lugar inseguro e massacrante do medo infundado das opiniões alheias. Nosso ouvido fica mais seletivo, nosso coração também. Protegemos mais o nosso coração daquilo que possa machucá-lo e nossa habilidade do descarte fica apurada. Descartar tudo o que incomoda, na vida e aqui dentro, fica mais fácil, mais precioso, sem culpa alguma. Queremos mais é nos livrar de tudo o que emperra nosso caminhar.

Quando a gente passa mal por comer muito, tem sempre algum remédio para nos curar. Porém, quando engolimos palavras e ofensas, não há antiácido que dê jeito. Eu já sofri demais por situações pequenas e por pessoas dispensáveis. Hoje, eu observo exatamente como cada um me faz sentir. Eu já não tenho medo de perder pessoas, tenho medo é de perder tempo.




Duas grandes atrizes. Uma declara seu lado enquanto a outra diz que não votará em 2022

 
Fernanda Montenegro  /  Marieta Severo




Nos links abaixo veja o que Marieta pensa do governo atual : 





Duas grandes atrizes. Uma declara seu lado enquanto a outra diz que não votará em 2022

 
Fernanda Montenegro  /  Marieta Severo




Nos links abaixo veja o que Marieta pensa do governo atual : 





Não se lamente por envelhecer, é um privilégio negado a muitos



Envelhecer é um privilégio, uma arte, um presente. Somar cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e fazer aniversário deveria ser sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo que estar aqui representa.

Todas as nossas mudanças físicas são reflexo da vida, algo do que nos podemos sentir muito orgulhosos.

Temos que agradecer pela oportunidade de fazer aniversário, pois graças a ele, cada dia podemos compartilhar momentos com aquelas pessoas que mais gostamos, podemos desfrutar dos prazeres da vida, desenhar sorrisos e construir com nossa presença um mundo melhor…

As rugas nos fazem lembrar onde estiveram os sorrisos

As rugas são um sincero e bonito reflexo da idade, contada com os sorrisos dos nossos rostos. Mas quando começam a aparecer, nos fazem perceber quão efêmera e fugaz é a vida.

Prestemos atenção em nossos idosos queridos



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Envelheço para a vida. Para a alma jamais !




Rodrigo Campos

Não sou tão velho assim ou sou? Isso importa? A resposta é absolutamente simples: claro que não! O que importa não é idade cronologia, mas, sim, a idade da alma, aquela conectada ao sentimento puro do coração.

Estabelecida à conexão, posso, a partir de agora, acessar memórias que fazem dos pequenos momentos, momentos extraordinários. Da infância alegre, eternizada por sonhos de menino: futebol, bagunça, amores escolares. Claro, isso para nós. Para elas: bonecas, papéis de carta, príncipes. Estabeleci, talvez, a maior conexão comigo. Entendi que assim como os sonhos — aqueles da canção do Lô Borges —, que jamais envelhecem; a alma infantil fica intacta dentro de nós. Vai nos acompanhar até a eternidade. Nada mais leve, nada mais puro, do que acumular momentos; entender que somente acumulamos aquilo que amamos. A Infância, neste sentido, é um prato cheio.

Vamos subindo, saímos da fase mágica para chegarmos à adolescência. Posso dizer, sem medo, que essa fase também é única. Talvez nem tanto para os pais, coitados! Aqui trocamos a magia do abstrato, vivido na infância, por sentimentos reais, concretos. Buscamos respostas simples para perguntas nem tão simples. Quem somos? Para onde vamos? Como será o sexo? Confesso que a última dúvida é extremamente fascinante. Entretanto, fascinante é entender que nossas escolhas, aqui, vão nos dizer o que queremos e o que buscamos do mundo. Fato: infância, somada à adolescência, resultado: ensaio para a vida adulta.

Pois bem, chegamos… Chegamos ao momento crucial (fase adulta). Chegamos para seguir dois caminhos, apenas dois. São eles: o nosso caminho — baseado em tudo aquilo que sentimos e vivemos — ou o outro caminho — baseado e vivido — pela experiência que os outros vão querer nos impor? Só um detalhe: se o rio, mesmo nos piores cenários, encontra o mar; acredito, também, que possamos encontrar a nossa preciosa trilha — fica a dica.

Mundo chato, mundo sem opinião, não vou sentenciar. Todavia, digo, infelizmente, que: atualmente cultuamos e contemplamos a aparência. Cultuamos o ter ao ser; o egoísmo ao amor. Enfim, nunca estivemos tão conectados (mídias sociais), porém, nunca estivemos tão desconectados em relação ao que realmente importa. Pena não compreendermos que a dádiva maior nos dada é a vida disfarçada de alma. Algo interno e simples. Contudo, só a enxerga quem está conectado em praticar sentimentos simples, sentimentos solidários, sem aparências.

Leve a vida, sim, a sério. Só não se esqueça de apreciar a alma pura da infância que está oculta em você. Sem medo de errar, tenho comigo que: a contemplação da alma infantil amansa o universo e faz um milagre dentro de nós. 

Percorra o seu caminho com simplicidade, humildade e, claro, tenha ambição para conquistar suas metas. Disse ambição, por favor, jamais confundi-la com ganância e poder (erro comum daqueles que passaram a pintar a vida com uma só cor). Outro “simbólico” detalhe: valorize-se, sim, valorize-se. Digo isso, pois, enxergar a si próprio é o desafio mais complexo do ser humano, uma vez que não estamos acostumados a nos valorizar. Quando passarmos a entender isso, teremos uma possibilidade de decifrarmos uma das palavras de maior valor para os seres humanos: felicidade.

Onde há fé, há esperança. Onde há fé e esperança, há amor. E onde há fé, esperança e amor, haverá sempre a pureza infantil morando dentro de nós. Pureza que faz de nós seres livres, seres de luz, seres de sonhos, seres eternos…


Postado em Bula


O importante não é somar anos de vida, mas somar vida aos anos




As pessoas que somam vida aos seus anos já se desprenderam do “Não posso” de sua mente há tempos e sabem que, caso se proponham a fazer as coisas, a idade não será um obstáculo.

Essas pessoas não encontram rugas em seu coração. Talvez o rosto acabe repleto de marcas de idade, mas nossos olhos continuarão transmitindo o brilho de quem sabe que a vida foi feita para ser respirada.

Nunca perca a imaginação, ainda que lhe faltem forças. Faça com que cada ano que passe deixe detalhes em sua pele. Transforme-se em um ladrão de segundos para tornar cada momento eterno e nunca renuncie ao prazer da lembrança.

Lembre-se dos momentos preciosos, mas não viva deles. Encare seu presente com força e coragem. Tenha flashes dos anos, lembre-se de onde estiveram os sorrisos desfrutados, amontoe respeito e encante-se pela vida, no fim das contas você estará aproveitando uma viagem à qual não se pode retornar.

Texto original em espanhol de Raquel Aldana.





Eu envelheci




Um dia desses, uma jovem me perguntou como eu me sentia sobre ser velha. Levei um susto, porque eu não me vejo como uma velha. Ao notar minha reação, a garota ficou embaraçada, mas eu expliquei que era uma pergunta interessante, que pensaria a respeito e depois voltaria a falar com ela. Pensei e concluí: a velhice é um presente. Eu sou agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser.

Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos. E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha mãe), mas não sofro muito com isso. 

Não trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, e o carinho de minha família por menos cabelo branco , uma barriga mais lisa ou um bumbum mais durinho. 

Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica das minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico me censurando se quero comer um bolinho-de-chuva a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama, ou se compro um anãozinho de cimento que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim. Conquistei o direito de matar minhas vontades, de ser bagunceira, de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar paciência no computador até às 4 da manhã e depois só acordar ao meio-dia?

Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo! 

Andarei pela praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulharei nas ondas e darei pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. Eles também, se conseguirem, envelhecerão. 

Sei que ando esquecendo muita coisa, o que é bom para se poder perdoar. Mas, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. E das coisas importantes, eu me recordo frequentemente. Ao longo dos anos meu coração sofreu muito. 

Como não sofrer se você perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito. 

Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los a meu bel prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados. 

Conforme envelhecemos fica mais fácil ser positivo. E ligar menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações. Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: “Eu gosto de ser velha”. Libertei-me! 


Texto de autora desconhecida


Postado no Conti Outra


Para envelhecer sem morrer aos poucos



Rebeca Bedone

O doutor atende seu paciente diabético em uma nova consulta. Se tem alguém que é a cara da esperança, é este senhor de idade avançada. Ele entra na sala com dificuldade, encurvado e apoiado em sua bengala, anda lentamente por causa da sequela do derrame cerebral, vira na direção do médico quando ele o chama, já que não enxerga há alguns anos, e sorri o sorriso da sua felicidade.

Certa vez, o mesmo médico se encontrou com outro idoso. Depois que o cumprimentou e perguntou como estava, o paciente respondeu “Vou levando a vida só”. Viúvo e sem parentes por perto, disse que ocupava seu tempo visitando os médicos, lendo o jornal, pagando as contas e recebendo a aposentadoria. Ia quase todos os dias à praça jogar Dama com outros aposentados solitários. Quando o doutor perguntou se ele estava triste, respondeu que não, pois já tinha realizado muita coisa boa na vida.

Fala-se que envelhecer é ir morrendo aos poucos. Conforme chega a velhice, as doenças aumentam e os músculos enfraquecem. Vai-se a memória e aparece a solidão. Doem articulações, o peito e a alma.

Rubem Alves disse: “Na velhice, o medo se vai porque não se tem mais nada a perder. A proximidade da morte nos dá um atributo dos deuses: nada de mais terrível nos pode ser feito”. Quando vemos idosos que carregam essa força dentro de si, acreditamos mesmo que envelhecer, e adquirir maturidade, nos torna mais corajosos.

Também aprendemos que mesmo as pessoas felizes têm momentos de solidão e saudades. E que os tristes também sabem encontrar a alegria. Descobrimos que manter dentro da gente algumas coisas que deixamos para trás não é sinônimo de sofrimento, como, também, pode ser uma forma de amar mais ainda aquilo que escolhemos.

“Não sei se foi a velhice que abriu os meus olhos ou se ela, a velhice, simplesmente me deu coragem para dizer o que eu sempre vira e não dissera, por medo”. Nosso poeta sabia mesmo que viver é um grande desafio. E nessa jornada estamos sempre em busca dessa coragem para mudar o que não está bom e para falar o que está preso na garganta. Atravessamos oceanos do dia a dia de tantos porquês, mas aí é que está a grande questão. Uma mudança maior só pode começar depois que mudemos por dentro. E só é possível mudar se quisermos.

Por causa de metas a cumprir e contas a pagar, muitas vezes deixamos de viver. O viver de verdade, e não só a rotina imposta e muitas vezes necessária — mas nem sempre insubstituível. Esquecemos que o tempo passa enquanto desejos e sonhos ficam sufocados. O corpo esmorece mais rápido se a alma adoecer primeiro.

Vamos! Temos muito a fazer. A vida não espera tanto assim, quando percebemos, lá se foram longos anos de dúvidas e escuridão.

Veja! Já brilhou a esperança no coração que aprendeu a falar a saudade. Nos olhos que dão valor às coisas que realmente importam. Na paz de envelhecer sem morrer aos poucos.

Ainda estou longe da velhice, comecei a descobrir o que é maturidade somente agora, e sei que ainda tenho muito que apender.

Mas acho curioso quando penso que estou mais perto dos 40 do que dos 30 anos, justamente porque não sinto que tenho essa idade. Sinto-me mais jovem do que antes. Quanto mais o tempo passa, mais coisas quero fazer. Preciso conhecer o mundo, escrever um livro, voltar a estudar piano, retomar os treinos de corrida e pintar os meus sonhos.

“A vida é boa. Longa vida é o que desejo para você e para mim.” (Rubem Alves).


Postado no Bula


Que idade você tem?




Flávia Côrtes

Já me disseram muitas vezes que eu não aparento a idade que tenho. Normalmente, respondo só com um sorriso.

Mas, às vezes, o interlocutor insiste e o jeito é dar crédito à genética, que me deu uma pele boa, ao riso que me acompanha ou ao pouco sol que tomei nessa vida.

É a face mais fácil da resposta e eu a uso sem pudor, por preguiça de explicar. A verdade inteira fica guardada com as mesmas convicções que me fazem não desistir de escolher sorvetes pela cor, de gostar de ler poesia em voz alta e só escrever quando as palavras começam a rodar em volta de mim.

Tem dia que acordo neném e nem ligo… me enrolo em feto e deixo a manhã me ninar. Tem hora que me permito velha e vejo cética…. Aí, antes que doa, rodo o olho no azul e deixo a luz entrar pela retina, direto, até a alma.

Suspiro e solto a menina. Criança, sorrio confiante e crio. Em um minuto, mulher, resolvo, faço, organizo, desorganizo, desfaço, sinto… 

Dispersa, intercalo a menina com a mulher, sem precisar, sem querer, sem poder… sem saber ou simplesmente por ser.

Sou eu que tenho a idade. Não é a idade que me tem.



Postado no site Conti Outra em 05/01/2014

 

Dizem que ...



Dizem que, em uma certa idade, nós mulheres nos fazemos invisíveis. Que nossa atuação na cena da vida diminui e que nos tornamos inexistentes para um mundo onde só cabe o impulso dos anos jovens.

Eu não sei se me tornei invisível para o mundo, mas pode ser. Porém, nunca fui tão consciente da minha existência como agora, nunca me senti tão protagonista da minha vida, e nunca desfrutei tanto cada momento da minha existência.
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Descobri que não sou uma princesa dos contos de fadas; descobri o ser humano sensível que sou e também muito forte. Com suas misérias e suas grandezas. Descobri que posso me permitir o luxo de não ser perfeita, de estar cheia de defeitos, de ter fraquezas, de me enganar, de fazer coisas indevidas e de não corresponder às expectativas dos outros. E, apesar disso…

Gostar de mim.

Quando me olho no espelho e procuro quem fui… sorrio àquela que sou…

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Me alegro pelo caminho andado, assumo minhas contradições. Sinto que devo saudar a jovem que fui com carinho, mas deixá-la de lado porque agora me atrapalha. Seu mundo de ilusões e fantasias já não me interessa. É bom viver sem ter tantas obrigações. Que bom não sentir um desassossego permanente causado por correr atrás de tantos sonhos.  A vida é tão curta e a tarefa de vivê-la é tão difícil que quando começamos a aprendê-la, já é hora de partir.

Blandinne Faustine


Longevidade saudável









O peso da idade


foto: reprodução
Nanda Bouças

Os brasileiros tendem a manter relações, a ligação com a família e os idosos sempre estão presentes nestes contextos, diferente de alguns países onde o destino certo de um idoso é a solidão.

Lógico que também não chegamos nem perto dos países asiáticos, onde os mais velhos tem quase o que posso chamar de “criador e criatura”, possuindo papel de destaque e respeito pelos seus antecessores. 

Talvez seja esta relação de respeito que falta do lado de cá, com mais compreensão, mais paciência e mais afeto aos idosos, mas nem tudo é como deveria ser, não é mesmo?

O que quero trazer a respeito é esse lado ainda errôneo da relação com os idosos. Repassando mentalmente algumas famílias que conheço, observei que minha realidade é um tanto diferente da maioria dos meus amigos por exemplo.

Falo isso, pois moro com meus pais e a minha mãe trouxe minha avó para poder morar conosco, uma vez que ela não havia mais condições de morar só (minha avó hoje sofre de demência e problemas respiratórios sérios). Nossa vida hoje é literalmente invadida por essa realidade: um idoso que necessita de cuidados, e quando digo cuidados é no sentido mais amplo que vocês possam dar a palavra, desde o banho a alimentação. Tudo precisa ser devidamente monitorado, além de precisarmos oferecer companhia diária e ininterrupta, missão que posso dizer que é sim cansativa. Mas gratificante.

Minha avó foi, em sua fase de lucidez e saúde, uma das figuras mais presentes e dominantes em toda a minha infância e parte da minha adolescência. Sempre ativa e destemida, contagiava a todos com sua vitalidade. Quando ela começou a apresentar os primeiros sintomas da sua nova condição, não pensamos duas vezes em poder está mais presentes nesta transição, pois não poderíamos fechar as portas e nos redimir das responsabilidades (e dos sentimentos).

A questão que quero trazer é que, infelizmente, muita gente não consegue encarar desta forma. Muita gente por aí acha que “gente velha” é um fardo (mesmo quando saudáveis), e que se não houver compensações financeiras depois, não merece se quer preocupação…E quando vejo isso só consigo lamentar.

Idosos são sim mais lentos, são mais teimosos, são mais tinhosos, mas também são os mais amorosos, os mais vividos e mais sábios. Suas experiências nos levam a passar horas escutando suas histórias e imaginando aquela realidade da qual estamos tão distantes.

Pobres são aqueles que não conseguem absorver a vitalidade que vai embora a cada dia, a cada gesto e a cada sorriso singelo que nos dão. 

Posso chegar a ficar horas calada, olhando minha avó dormir ou tremer aquela mão calejada e penso que hoje é difícil cuidar dela, mas o que seria de mim se ela não estivesse aqui, se não tivesse presença em toda minha vida até então? Mesmo com suas condições delicadas, não sei nem se estou preparada para suportar o dia em que ela partir, pois sua presença embebeda meus dias. A cada banho em que dou, a cada comida que corto miudinha porque ela não consegue mais mastigar com aquela presteza de antes, a cada “chatice”, “encheção de saco” ou seja lá o nome que dão para os cuidados com os velhos, sinceramente me sinto um pouco mais competente e completa como ser humano.

Sei que existem famílias que simplesmente esquecem e isolam o idoso, ou colocam todo aquele cuidado em cima de um só familiar, ou pagam simplesmente uma casa de repouso ou enfermeiros (para aqueles que tem uma boa condição financeira) e com isso esquecem ou fazem de conta que esqueceram quem eles são.

Sei que tem gente que finge que não sabe que o dia a dia deles é delicado, e que nossa presença é importante. Mas sinceramente não acredito que algo pague a alegria deles quando você resolve fazer aquela visitinha despretensiosa. Ou quando você mostra um sorriso ao cuidar deles.

Eu sou só um pequeno exemplo do que sei que muitas famílias fazem pelos seus entes mais velhos, mas o que dizer daqueles que se aproveitam da aposentadoria, que se aproveitam do teto em que eles moram, daqueles que abandonam e não procuram nem saber como estão? Ou que torcem pela sua partida esperando as migalhas da “herança”? E o que dizer dos filhos que se consideram órfãos de pais vivos, só porque são velhos demais e dão trabalho? E isso não é só em casos especiais. 

Você aí que tem um avô ou uma avó vivos… Já ligou pra eles essa semana? Já os visitou esse mês? Eles querem pouco e muita gente, nem isso dá. Todo mundo se contenta apenas em respeitar um estatuto do idoso, em não bater ou maltratar (como se isso fosse um grande feito) e mais nada.

Mas um dia você aí do outro lado vai envelhecer, assim como eu aqui, e eu tenho fé que possamos viver para tanto. E se você se encaixa nessa lista de “abandonadores”, eu só espero que você tenha um destino melhor do que o “cuidado tão especial” que você tem com aquele que hoje despreza. 

Velhice meus caros, não é doença, e sim condição. Eu, você, nossos amigos… Todos vamos envelhecer, e talvez estejamos em condições ainda piores, e tudo aquilo que passamos a vida plantando é o que colhemos. 

Não faço e não quero que façam nada por esperar algo em troca, mas indico que façam por si. Respeitar os direitos que estão redigidos no estatuto do idoso não é absolutamente nada quando se tem respeito e amor pelo próximo. E é uma pena saber que muita gente precisa de meio mundo de artigos e disposições legais para poder entender isso.

Postado no blog Pipoca Pimenta e Poesia em 05/06/2013






Envelheço quando ...


 

 

ENVELHEÇO, quando me fecho para as novas idéias e me torno radical...

ENVELHEÇO
, quando o novo me assusta e minha mente insiste em não aceitar...

ENVELHEÇO
, quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar...

ENVELHEÇO
, quando meu pensamento abandona sua casa e retorna sem nada acrescentar...

ENVELHEÇO, quando muito me preocupo e depois me culpo por não ter tido motivos para me preocupar...

ENVELHEÇO, quando penso demasiadamente em mim mesmo e conseqüentemente, dos outros, completamente me esqueço...

ENVELHEÇO, quando penso em ousar e já antevejo o preço que terei que pagar pelo ato, mesmo que os fatos insistam em me contrariar!

ENVELHEÇO, quando tenho a chance de amar e daí o coração se põe a pensar:
"Será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai compensar?"

ENVELHEÇO
, quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta de minha alma e ponho a me lamentar...

ENVELHEÇO
, enfim, quando paro de lutar!


                                                                                                    

 

(Autor Desconhecido)