Tipos de crianças sob a ótica reencarnacionista



Mauro Kwitko


A noção da Reencarnação traz um entendimento a respeito da personalidade, características e tendências observadas nas crianças, completamente diferente do que a Psicologia tradicional, não-reencarnacionista, aborda e utiliza.

Sob a ótica da Reencarnação, uma criança é um Espírito que reencarnou e que é, simplesmente, a continuação de si mesma da encarnação anterior, e esta, das anteriores. 

Podemos, então, a partir desse pressuposto, iniciar um estudo dos tipos de crianças do ponto de vista reencarnacionista, que, certamente, expande enormemente a compreensão a respeito do assunto. Por que cada criança é diferente das outras? Por que irmãos são, muitas vezes, tão diferentes entre si? 

A Psicologia tradicional, herdeira da crença não-reencarnacionista advinda da decisão católica do II Concílio de Constantinopla de 553 d. C., atribui essa circunstância a fatores genéticos, hereditários e ambientais, quando a explicação para isso é muito simples ao entendermos um dos pilares básicos da Psicoterapia Reencarnacionista, a Personalidade Congênita, que diz simplesmente que "Somos como somos pois nascemos assim", e aí, então, podemos pretender entender, até onde é possível, os diversos tipos de crianças e suas características de personalidade. 

Vamos analisar alguns tipos de meninos e de meninas à luz da Reencarnação:

1. Meninos que foram homens na encarnação anterior

a) E tinham características de "macho", baseadas na força física. Esses meninos que nasceram masculinos, provavelmente, foram desse gênero sexual em várias vidas passadas e trazem esse hábito, uma tendência a serem autoritários, dogmáticos, fortes fisicamente, apreciarem esportes em que esses valores tenham importância, aventuras, correr riscos, competições egoicas, vencer os demais, exibicionismo, machismo, hipersexualidade. 

Do ponto de vista evolutivo espiritual, talvez venham reencarnando para minimizarem essas características e tornarem-se mais femininos, mais gentis, mais sensíveis, mais delicados, e os pais que eles escolheram para essa atual encarnação podem auxiliá-los nesse objetivo. 

Dependendo das Leis Divinas que regem a aproximação entre Espíritos ao reencarnar, que recebem então os rótulos de "pai", "mãe" e "filho", as características dos eleitos pais podem facilitar ou retardar esse objetivo.

b) E tinham características mais intelectuais do que físicas. Esses meninos tendem a ser mais estudiosos, compenetrados, reservados, apreciarem esportes e atividades mais mentais do que corporais, destacarem-se nos estudos e optarem por atividades e, mais tarde, por profissões que priorizem o intelecto. 

Talvez tenham reencarnado para libertarem-se um pouco do jugo do intelecto sobre as emoções e seus pais podem colaborar nesse projeto, dependendo de sua própria Personalidade Congênita.

c) E tinham uma vida solitária, ensimesmada, mais espiritual. Esses meninos tendem a se isolar, gostarem do silêncio, terem poucos amigos, serem mais calados, com frequência são respeitosos e formais.

Por uma sensibilidade exacerbada em relação à vida terrena, podem confundir paz com isolamento e seus pais podem ajudá-los a encontrar um ponto de equilíbrio, em que a paz que buscam seja encontrada também na convivência com as pessoas.

Os ambientes espirituais, as práticas meditativas, os estudos mediúnicos, a Yoga, podem fazer com que esses meninos percebam que podem encontrar a paz interior em meio à agitação e ao ruído externos.

d) E tinham hábitos autodestrutivos, como entregarem-se para a depressão, tendência suicida, alcoolismo, tabagismo, uso de substâncias. Como, de uma encarnação para outra, só mudamos de "casca", os eleitos pais desses Espíritos podem detectar essas tendências precocemente e ajudá-los a curar-se delas. Se um dos pais também tiver essas tendências, o seu exemplo poderá servir para aflorar ainda mais o que seu filho traz de tendências negativas consigo do passado.

e) E tinham hábitos excessivamente terrenos, materialistas. Esses meninos, desde pequenos, demonstram que dão preferência aos bens materiais, à aparência, à busca de excessivo conforto ou luxo, o prazer pessoal, muitas vezes, atitudes desonestas, de levar vantagem sobre as outras crianças, podendo demonstrar até tendências psicopáticas.

A classe social da família que escolheram para reencarnar pode determinar a atitude que escolherão para atingir seus objetivos egoicos.

2. Meninos que foram mulheres na encarnação anterior

a) E tinham características de sensibilidade, gentileza, criatividade. Esses meninos muito provavelmente terão uma enorme dificuldade de adaptação ao gênero masculino e, desde pequenos, serão mais femininos do que masculinos (segundo os padrões estabelecidos pela nossa sociedade machista), terão preferência pela companhia das meninas, gostariam de ser com elas, sofrerão bullying, e poderão, até, optar, inconscientemente, pela homossexualidade, procurando um "marido macho". 

Os seus pais, se forem reencarnacionistas, poderão minimizar um provável sofrimento desse filho que não consegue entender o que acontece com ele, porque olha-se no espelho e não sente afinidade com aquele corpo masculino.

b) E tinham características de rebeldia contra a discriminação e prepotência masculina contra as mulheres naquela época. Esses meninos poderão optar pelo mesmo modelo machista que tanto condenavam quando eram mulheres no passado ou tornarem-se defensores da causa feminista pela igualdade de direitos. 

Os seus pais, sendo reencarnacionistas, poderão ajudá-los a encontrar a maneira correta de lidar com essa mudança de gênero sexual da encarnação anterior para a atual, entendendo essa dificuldade como natural pela mudança de gênero sexual de uma encarnação para outra.

c) E tinham características masculinas. Esses meninos terão fácil adaptação ao gênero masculino atual, pois eram mulheres yang na vida anterior. Provavelmente não serão trazidos a tratamento psicoterápico, estarão sentindo-se bem como meninos.

3. Meninas que foram mulheres na encarnação anterior

a) E tinham características femininas de maternidade, suavidade, doçura. Essas meninas, desde bem pequenas, revelarão essas características, adorarão brincar de boneca, e suspirarão ao imaginarem-se casadas com o príncipe encantado. 

Se na vida anterior foram casadas com um homem "príncipe encantado", ansiarão em encontrá-lo novamente, em uma busca que pode ou não concretizar-se, e com isso elas realizarem seu sonho ou passarem toda essa encarnação sentindo um vazio, uma frustração, uma busca de algo que não entendem mas que lhes faz sofrer e sentir uma melancolia e uma saudade indecifrável. 

Se na vida anterior foram casadas com um homem "sapo", nascerão tristes e magoadas, candidatas à magoa e à depressão.

b) E tinham características masculinas de autoritarismo e força física. Quase certamente não se sentirão confortáveis novamente em um corpo feminino e desde pequenas irão preferir a companhia dos meninos, esportes e atividades masculinas, querer ser com eles e até melhores, e não gostarão de olharem-se no espelho e não terem pinto. 

Talvez optem pela homossexualidade, escolham uma menina que foi uma mulher feminina na encarnação anterior, na qual sentia-se magoada com os homens daquela época.

c) E tinham uma tendência à religiosidade. Como algumas religiões confundem castidade com pureza e acreditam que essa está no hímen ou no pênis, as meninas que foram, por exemplo, freiras na vida passada, podem trazer consigo, dentro de seu Inconsciente, um conflito a esse respeito, um bloqueio na sexualidade, como se fosse uma coisa "suja" e, talvez, uma culpa por seus pensamentos "pecaminosos" naquela vida. 

Os pais reencarnacionistas, percebendo esse conflito trazido do passado, podem ajudar sua filha a encontrar a pureza em seus pensamentos e estudar o que levou certas religiões a determinarem o que era castidade e a finalidade escusa disso.

4. Meninas que foram homens na encarnação anterior

a) E tinham características de homem "macho". É praticamente o mesmo caso das meninas que foram mulheres "masculinas", mas talvez ainda mais radical. Desde pequenas querem ser como o papai, vestir as suas roupas, jogar futebol, arrotar, beber cerveja, enfrentar os costumes machistas da nossa sociedade, depreciar sua mãe, inconscientemente queriam continuar sendo como aquele homem, mas vieram mulher. 

Os pais reencarnacionistas podem entender o caráter de transição da atual encarnação e ajudar essas meninas a adaptarem-se, gradativamente, a essa nova realidade, mas não será fácil. Com alguma frequência, elas podem optar pelo lesbianismo e procurarem uma esposa dócil e submissa.

b) E tinham características femininas. A mudança de gênero sexual será bem fácil pois já vêm femininas, e provavelmente se sentirão até bem mais confortáveis nesse papel de mulher do que na vida anterior quando eram homem. Se foram um homem "feminino" que achava-se menos que os outros, terão de lidar com certas caracteristicas como sensação de inferioridade, dificuldade de impor sua vontade, submissão, etc.

c) E tinham uma tendência de isolamento, solidão. Essas meninas, além da dificuldade inerente à mudança de gênero sexual da encarnação anterior para essa, terão de lidar com essa tendência, o que será prejudicado pelo ensimesmamento, pela introversão, guardar suas coisas apenas para si. Necessitarão aprender a abrir-se e, concomitantemente a isso, a adaptarem-se ao gênero feminino, o que não será fácil.

Evidentemente, um estudo a esse respeito, como estamos propondo aqui, sob a ótica reencarnacionista, é bem mais profundo do que uma mera tentativa de classificar alguns tipos de crianças em algumas opções e sub-opções. 

Cada menino e cada menina tem uma história kármica própria, vidas passadas inteiramente diversas uns dos outros, traumas, dores psíquicas, sofrimentos, alegrias, prazeres, vitórias, derrotas, conquistas, perdas, absolutamente individuais, e que jazem adormecidas, ou não, dentro do seu Inconsciente, e que a originalidade de alguns pesquisadores do passado, o Dr. Freud como o mais conhecido deles aqui no Ocidente, anteviu como um material de pesquisa e busca de entendimento da maior importância a respeito das características demonstradas pelas crianças, incluindo a sexualidade infantil.

Esses pesquisadores que, por limitações próprias, limitaram seu campo de pesquisa à crença religiosa vigente na época, não-reencarnacionista, chegaram a conclusões superficiais, muitas vezes travestidas de uma aparente profundidade, baseadas na genética, em hipotéticas causas inconscientes como o "Complexo de Édipo" e "O Complexo de Electra" e, frequentemente, e que continua até os dias de hoje, atribuindo a responsabilidade ou a "culpa" disso aos pais e outros coadjuvantes da infância de crianças com características difíceis de entender, pela ótica psicológica oficial não-reencarnacionista.

A grande colaboração que a noção da Reencarnação traz para a compreensão a respeito dessas crianças e, principalmente, o seu braço psicoterapêutico, a Psicoterapia Reencarnacionista e a recordação de vidas passadas, chamada, por força do hábito, de "regressão" a vidas passadas, é a possibilidade, acessando o registro de algumas encarnações anteriores dessas crianças, como se fosse o Telão no período intervidas, termos a possibilidade, nós e seus pais, de entendermos o que jaz submerso em um baú fechado dentro do subsolo de sua Consciência e, com isso, podermos lidar bem melhor com essa questão, no sentido de estabelecermos uma orientação em relação a essas crianças, sem preconceito, sem crítica, sem condenação, sem nenhuma postura ou procedimento que infrinjam a Ética do Amor e do Respeito.

Esse pequeno esboço aqui apresentado é uma sinalização de algo muito maior, um campo infinito de pesquisa, entendimento e ajuda.

Mas para que essa investigação seja coerente com a Ética espiritual e não infrinja a Lei Divina do Esquecimento, é obrigatório que seja dirigida, comandada, por Seres superiores, seguindo a orientação de Kardec, no "Livro dos Espíritos", na questão 399, a respeito do Esquecimento do passado. 

Somente assim, teremos a garantia de que o acesso ao passado dessas crianças lhes será de utilidade evolutiva e um benefício para elas e, muitas vezes, para seus pais e, somente assim, o terapeuta terá a garantia de que a sua boa intenção não será um fator de agravamento para si próprio, que ficará registrado no Grande Livro do Karma, plasmado no Universo, e que atende fielmente a Lei do Retorno para quem macula suas páginas.


Postado no site Somos Todos Um


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