Aos que são Charlie Hebdo



Alguma vez posso ter sido como Charlie Hebdo.

No afã de ser divertido posso ter magoado alguém.

No afã de provocar o riso, posso ter reafirmado preconceitos.

E como o riso podia se perder,

eu posso ter sido cruel com alguém para que outros rissem.

Mas aprendi que isso de nada valia.

Que o riso provocado pela desgraça,

pelo preconceito,

pela discriminação e pelo ódio,

não era o riso que ilumina as faces,

mas o esgar de ansiedade

das multidões que participam

de apedrejamentos, linchamentos e execuções.

Não quero buscar esse riso

e não quero estar nessas multidões...

E continuarei lutando para que isso não aconteça.

Para que o preconceito, o ódio, a intolerância e a discriminação

não seja vista como o direito inalienável do humor.

Não há humor quando o riso é fruto da exposição ou desgraça alheia.

Portanto, eu espero,

que ao lutar contra a intolerância

e condenar os assassinatos brutais,

você não se transforme em um deles.

Porque existe terroristas de armas e terroristas de palavras,

e todo terror é condenável.


Ronald Pinto 


Postado em seu Facebook em 10/01/2015

A imagem que ilustra o texto foi inserida por mim
Rosa Maria (editora deste Blog)


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