A modinha do impeachment



Carlos Motta

No país das modinhas, a mais nova é falar em impeachment.

É nas páginas dos jornalões, no parecer do jurista da Opus Dei, na boca do parlamentar oposicionista, nas conversas das madames.

A presidenta da República é Dilma Rousseff, mas podem chamá-la de Geni.

Anos e anos de propaganda mentirosa e criminosa na imprensa deram, finalmente, resultado.

O PT, Dilma e Lula, se tornaram, para milhões de brasileiros, sinônimo de coisa ruim, malfeitor, corrupto, bandido, estuprador, marginal - pensem em tudo o que pior existe na face da Terra e isso será associado a eles.

A lavagem cerebral que se faz nas pessoas é tão intensa que elas perderam completamente a capacidade de raciocinar.

Não conseguem mais estabelecer uma simples relação causa - efeito.

Tal idiotas, repetem, como se fosse uma argumentação, sentenças sem pé nem cabeça, desprovidas da mais elementar verdade factual, povoadas do preconceito mais tenebroso contra minorias, pobres, nordestinos, negros, ateus, "petralhas" - esses seres imundos que substituíram os comunistas como detentores da maldade plena.

Nesse contexto, o impeachment da presidenta virou a panaceia.

Defenestrem Dilma do Palácio do Planalto, coloquem seu partido fora da lei, desmoralizem seu presidente de honra - e o Brasil estará salvo e todos viverão felizes para sempre.

Que filme velho, que roteiro batido, que enormidade de clichês...

E que tristeza que dá ver esse monte de gente ser inteiramente conduzida, como um rebanho de gado, por meia dúzia de espertalhões que não estão nem aí para as desgraças que as suas ações possam acarretar para o futuro da nação.

Vamos ao impeachment, bradam esses entreguistas quinta-colunas, quando, entre si, à sorrelfa, fazem as contas de quanto vão lucrar com a imbecilidade das massas. 

Pobre Brasil, tão novo, tão ingênuo...


Postado no blog Crônicas do Motta em 10/02/2015


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