Como quebrar essa corrente de ignorância?




Carlos Motta

A ditadura militar não apenas prendeu, torturou e matou seus opositores. 


Seus crimes foram muito além disso, mas dois deles deixaram sequelas que até hoje desgraçam o Brasil: o primeiro foi entregar à Rede Globo praticamente o monopólio das telecomunicações, e o segundo foi acabar com a educação - em todos os níveis.

Três décadas se passaram do fim da ditadura militar, mas seus efeitos aí estão, escancarados, à vista de qualquer um.

O show de horrores que foram as manifestações anti-Dilma, anti-PT, anti-Lula, "anticorrupção", a favor da volta dos ditadores, antipobres, etc etc, com cartazes que pareciam saído dos nove círculos do Inferno de Dante, é a prova mais eloquente de que o maior problema do país é a completa falta de educação de grande parte de seu povo.

Este segundo governo Dilma, pelo menos no discurso, adotou a educação como sua prioridade, aproveitando o dinheiro que virá do pré-sal.

Educação, porém, não é apenas a formal, das escolas, das salas de aula.

Ela tem de começar em casa, pelos pais, que deveriam passar aos filhos o que aprenderam da geração anterior.

Mas como isso é possível, se essas gerações têm se formado em lares que cultivam valores nascidos em novelas da Globo, programas de auditório sem nenhuma substância, telejornais sem nenhum compromisso com o jornalismo?

Como esperar tal milagre de pessoas que passam a vida chafurdando no lixo cultural imposto por uma indústria cujo único objetivo é aumentar seus lucros, que não têm nenhum compromisso social? 

Como quebrar essa correia de preconceitos, ódio e ignorância profunda, que liga as gerações?

O que esperar de crianças que assistem a seus pais xingarem, com os olhos esbugalhados pelo ódio, as principais autoridades do país com os mais indecentes palavrões?

O que esperar de uma geração que aprende em casa a cultuar o individualismo como o mais importante valor da civilização?

Com escolas destroçadas, professores tratados como seres inferiores, lares bestificados pela televisão, qual será o futuro deste país?

Uma passada de olhos pelos cartazes e faixas das "manifestações" deste domingo, 15 de março de 2015, dá bons indícios do que nos aguarda.

A esperança, dizem, é a última que morre.

Pobre dela, pobre de nós, pobre Brasil.


Postado no blog Crônicas do Motta em 15/03/2015


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