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Síndrome das cadeiras vazias : ausências que pesam nas festas




As pessoas que não estão mais aqui deixam vazios duradouros. Porém, quando chegam a época das festas, há cadeiras que ficam vazias e esses espaços doem muito mais. Como você lida com essas perdas nesses momentos de reunião e celebração?

Os vazios de quem não está mais ali têm uma propriedade: eles se materializam das formas mais inusitadas e dolorosas possíveis. A pessoa que nos deixou ainda está impressa nas fotografias que guardamos dela. Seus pertences e seus quartos solitários nos falam de um passado em que suas vozes, projetos e costumes se materializavam diariamente.

Os que já faleceram ocupam nossos corações, mas não nossos espaços físicos. E isso é evidente quando as festividades como os aniversários e, claro, o Natal chegam. Nessas horas em que nos vestimos para festejar, nos reunimos e oferecemos presentes, as ausências doem mais do que nunca. Tanto que não sabemos o que fazer com elas.

Não é raro muitos dizerem que talvez seja melhor não comemorar nada e ignorar o brilho, as luzes coloridas, as árvores de natal e as mesas recheadas com pratos deliciosos e iguarias. É como se ousar rir e gozar fosse pouco mais que um ataque, uma falta de respeito com quem não habita mais este mundo. No entanto, isso é o mais adequado a se fazer?

É muito difícil rir e desfrutar da companhia dos outros quando a perda de um ente querido ainda nos dói excessivamente.

O Natal é uma das épocas em que mais nos lembramos daqueles
 que já não estão

O que é a síndrome das cadeiras vazias?

Você perdeu um ente querido ao longo deste ano? Então, talvez a proximidade das festas de Natal seja motivo de tristeza para você, podendo até dificultar o seu processo de luto. Você vê como as cidades se enchem de luzes, como seu ambiente está animado para fazer planos, procurar presentes e se deixar levar por esse turbilhão tão típico dessas festas.

Quem passou por uma perda costuma sofrer do que é conhecido como síndrome das cadeiras vazias quando chega esse tipo de comemoração. Consiste em uma intensificação das emoções e um sentimento mais profundo dessa ausência. Muitos experimentam um revés em sua tentativa de aceitar a nova realidade, bem como uma nova enxurrada de memórias associadas à morte de um ente querido.

Por outro lado, muitas vezes surgem pensamentos doentios, que tornam a ferida maior. Ideias como “Queria fechar os olhos e, quando abrir, nada disso teria acontecido”, “Não sei o que vou fazer sem essa pessoa” ou “Minha vida depois disso não será mais para comemorações” criam nuvens mentais de grande sofrimento. Quase sem perceber, encistamos o próprio processo de luto.

A dor de uma perda é como as ondas de um oceano. Às vezes essas ondas de dor são suaves e suportáveis e outras vezes nos atingem até nos deixar à deriva, sem saber como reagir. Todos nós somos obrigados a aprender a navegar no processo de luto.

Como enfrentar as festividades sem um ente querido?

A particularidade das festividades, como o Natal, é que, em geral, costuma reunir pessoas que sofreram a mesma perda. As crianças podem ter perdido a mãe ou o pai. É possível que um dos avós ou mesmo um irmão tenha partido. São eventos em que as ausências são vividas coletivamente e isso as torna mais desafiadoras.

As cadeiras vazias dos que não estão são imagens metafóricas dessas ausências. Algo para o qual ninguém está preparado, mas que mais cedo ou mais tarde devemos assumir. Mortes e lutos são aprendizados forçados que a vida nos traz. Enfrentá-los em momentos de festa é mais uma oportunidade de seguir em frente, de aceitar a situação. Vamos ver como.

1. A não comemoração aumenta a dor: digamos sim ao reencontro familiar

Seria mais fácil recorrer à evasão, a não comemorar a véspera de Natal, o Natal e o Ano Novo. Porém, ao evitar esses momentos, o que fazemos é intensificar a dor. É aconselhável manter a normalidade e favorecer esses momentos de união com outros entes queridos.

2. Organizar uma pequena reunião para decidir o que fazer e como

Quando uma família está de luto, as tarefas podem se acumular e nos sobrecarregar. Não deixemos nada ao acaso ou para o último momento, caso contrário, o estresse surgirá e as emoções se intensificarão. O mais adequado nesses casos é determinar o que faremos, quem está a cargo de cada tarefa, o que é necessário e como cada tarefa e processo será realizado.

3. Optar pela simplicidade

A síndrome das cadeiras vazias tem a particularidade de afastar nossos sentimentos. As festas não são momentos fáceis e as energias estão baixas. Optemos por celebrações muito simples e elementares, aquelas que favorecem exclusivamente a ligação com os nossos familiares.

Não é necessário sair para jantar ou ter uma casa onde a decoração de Natal inclua até vestir a nossa mascote. Vamos evitar a artificialidade e focar em estar juntos.

Durante as comemorações convém “reinterpretar” o espaço de quem já não está. Podemos mudar de lugar aquela cadeira em que a pessoa se sentava e deixar que outros a ocupem ou podemos deixá-la positivamente lembrando de quem partiu.

4. Não vamos minimizar as emoções, expressá-las é permitido

Uma pesquisa da Universidade de Granada, por exemplo, destaca como o viés de processamento emocional do luto se instala em nós. É comum evitar, reprimir ou esconder o que sentimos, achando que é o mais adequado, o mais lícito para os outros. Vamos deixar claro que essa é uma ideia completamente errada.

Durante as festas de Natal é permitido falar, emocionar-se e até chorar se for preciso. Da mesma forma, é bom entender que cada membro da família expressa sua dor de uma determinada maneira. Nesses casos, é preciso dar atenção às crianças, deixando que se expressem, lembrem da pessoa ausente como quiserem, por exemplo, com desenhos.

5. Lembretes positivos daqueles que não estão mais lá

A síndrome das cadeiras vazias é mais um processo de luto em si. Em algum momento, chegará um aniversário, um Natal ou qualquer evento que nos fará lembrar quem não está mais lá. Mais de um arrependimento, mais de uma raiva e uma lembrança dolorosa virão à mente. No entanto, nesta jornada para a aceitação, devemos lidar com esses momentos.

Dessa forma, uma maneira de fazer isso é relembrando aqueles momentos positivos, mágicos e maravilhosos que vivemos junto com aquele ser. Fazer isso coletivamente e em família pode ser curador. É uma forma de celebrar a vida, de iluminar a ferida para que seja honrada a marca de quem nos deixou.

Relembrar quem já não está, entre todos os momentos positivos que evoca, será catártico e saudável para nós.

A importância do apoio emocional e social

Ninguém disse que sentir o luto seria fácil. Também não é um processo rápido que atende a padrões fixos. Cada um precisa do seu tempo e cada um sentirá alívio ao abraçar alguns atos e não outros. Assim, algo que devemos entender é que as perdas sempre vão doer, mas virão como as ondas do mar. Algumas serão suaves e suportáveis e outras nos desestabilizarão um pouco mais.

É comum sentir maior tristeza e nostalgia durante as festividades. É normal e compreensível. Vamos nos apoiar uns aos outros e guardar a memória de quem não está mais em nossos corações. É lá onde a pessoa ausente viverá para sempre e, no final, poderemos conviver com essa ausência.










THE MELISIZWE BROTHERS CANTAM HINO DA PAZ COM O CANTOR DANIEL



Os irmãos multi-instrumentistas, Zacary James (13), Seth James (14) e Marc Aaron (17), fazem parte da banda The Melisizwe Brothers, eles são Alberta, no Canadá, mas de uns anos para cá, eles vêm ganhando o mundo, não só pela tamanha semelhança com os Jackson Five, pois o tom da voz de Zac sem duvida lembra muito a do Michael Jackson, quando criança, mas também pelo carisma e emoção que os meninos passam nas canções.

Ambos os três garotos, cantam desde muito pequeno, vamos dizer que eles foram abençoados musicalmente por esse dom, por isso eles querem repassar todo o amor pela música para seus fãs, pois para The Melisizwe Brothers esse é um o maior presente que eles podem dar, assim os encorajam à todos a encontrar o que lhe é dotado e também a trabalhar continuamente, fazendo assim um aperfeiçoamento melhor ao mundo.

Os meninos estão viajando pelo mundo desde 2015 propagando o amor, emoção e sua música. Eles já apareceram em diversos programas de televisões com Ellen Degeneres , Little Big tiros, Americas Got Talent , O show Steve , Motown Magic Time Square New Years Eve. Além disso, em 2020, os irmãos foram premiados como vencedores do concurso da Nickelodeon, a família America’s Most Musical, assinando um contrato de gravação com a Republic Records e um prêmio em dinheiro de US $ 250.000 em parceria com Capri Sun 100% Juice.

Foi nestas viagens pelo mundo, que os irmãos conheceram o cantor Daniel, durante o Florida Cup, em janeiro de 2018 e depois eles nunca mais perderam o contato.

No ano passado em 2019, o músico que já havia regravado uma versão em português do sucesso do Michael Jackson “Heal the World”, que a tradução ficou “A Paz”, convidou os meninos para participar de sua apresentação nas comemorações do Festival da Padroeira em Aparecida.

Daniel e os irmãos canadenses emocionaram o público em um show emocionante e bastante especial, em que eles juntaram a versão original de Michael com a versão em português, sendo uma experiência incrível. Sendo que essa foi a primeira vez dos garotos no Brasil, mas eles ficaram empolgados para voltar mais ao país.

Contatos The Melisizwe Brothers:





A gratidão e seu poder para combater a tristeza mais profunda




A gratidão é uma virtude esquecida por muitas pessoas. Esse esquecimento é aumentado à medida em que a sociedade nos força a ser mais egoístas, a dar tudo por concedido e a não valorizar o que temos. Quanto mais egoístas nos tornamos, menos capazes somos de perceber o exterior. Menos capazes somos de perceber a simplicidade e a beleza que reina no mundo.

Quando olhamos apenas para dentro, perdemos a perspectiva de vida como um todo. Nós perdemos as nuances da nossa existência. Nos esquecemos muitas vezes inclusive da nossa condição. Nos perdemos nessa dança de rotinas, de “medidas concretas para ser uma pessoa adulta”, de viver para trabalhar… e esquecemos que existimos neste mundo.

O piloto automático de última geração e aperfeiçoado com a prática controla a nossa vida e dirige os nossos passos. Nos tornamos cegos para a beleza exterior. Há muito tempo nós decidimos que não valia a pena o nosso tempo, sem nos darmos conta de que tínhamos decidido. “Não temos tempo” para chegar a este lugar, tenho que fazer isso. Tenho apenas recursos para adentrar por este labirinto que a sociedade construiu para mim.

A gratidão enriquece nosso sentido, o de nossa existência

Nos esquecemos da natureza e das lições que ela nos traz. Existimos para dar alguns passos já estabelecidos e perfeitamente organizados. Há pessoas que entram nesta espiral e não percebem. É como se tivessem desligado o botão que lhes conecta à vida (em toda a sua amplitude e profundidade).

Muitas vezes a tristeza profunda tem a ver com essa falta de gratidão para com os pequenos presentes que a vida nos oferece. Tem a ver com uma visão que tem sido revertida de fora para dentro. Um olhar que não contempla nada além de si mesmo. Por isso a dor será muito extrema, já que não podemos nos ajudar do exterior para nos salvar.

Dar algo por feito, assumir que as pessoas que estão do nosso lado irão continuar do nosso lado seja qual for o nosso comportamento… Assumir que o que nossos pais fazem por nós é porque eles são nossos pais e não os valorizar… Colocar-nos nessa perspectiva reforça esta visão em túnel.

A ingratidão atrofia os nossos sentidos e aumenta a nossa insatisfação

Quando percebemos que entramos nesta espiral de ingratidão (tão fácil de entrar e tão assumida na sociedade de hoje) podemos ter uma ideia do seu poder destrutivo. É como se fosse um furacão que destrói tudo o que encontra. A ingratidão nos faz egoístas e insensíveis para com a bondade dos demais.

Nossos sentidos se atrofiam quando nós tomamos por concedido o que temos em nossa vida sem apreciar ou agradecer. Uma vez que não olhamos tanto para o que temos como para o que nos falta, e sempre irá nos faltar alguma coisa enquanto nós olharmos para dentro e buscarmos fora. Apenas focamos no que a vida “deveria” nos dar de acordo com nossas leis de justiça. Assim, à medida que nos alimentamos desses pensamentos, aumentamos o sentimento de insatisfação que sentimos em nossas vidas.

A tristeza se torna mais leve e até mesmo desaparece quando fazemos um pequeno exercício. Consiste em agradecer por aquilo que temos e especialmente aquilo que pensamos que desfrutamos por direito. Agradecer aos bons gestos das pessoas que temos ao nosso redor e nos concentrarmos em atender às mensagens que a natureza nos envia poderiam ser dois exemplos.

A tristeza desaparece quando agradecemos pelo que a vida nos dá

Não deixe passar nem mais um dia sem alçar vôo e ver o bosque do qual você pode desfrutar, que vai além do pequeno deserto onde não têm crescido frutos. Nós não estamos falando de coisas grandes, nem mesmo de algo material. Nós falamos sobre a simplicidade que nos alimenta todos os dias de maneira silenciosa. Que nos rouba um sorriso, interessante ou bobo, mas sorriso.

Desde o calor que vai diretamente em nossos corações quando o nosso cão se alegra em nos ver… até a surpresa e emoção por ver como vai crescendo a sementinha que um dia plantamos em um vaso. A gratidão nos salva a vida. Sensibiliza nossos sentidos e nos transforma em grandes companheiros de vida. Companheiros que nos mostram a beleza e a bondade que há no mundo que nos rodeia. Se você abraça a vida tal como ela é, você abraça a gratidão. E a gratidão acalma e tranquiliza até mesmo a alma mais atormentada.








Tristeza no Natal ? Os dois aspectos dessa celebração




Sentir tristeza no Natal é cada vez mais comum, ainda mais nos tempos de crise que temos que viver. Para você, que está lendo estas linhas, gostaríamos de perguntar se você sente tristeza no Natal? Você vive essas celebração com muita alegria ou você acha que perdeu o espírito natalino?

Algumas pessoas celebram o Natal com entusiasmo, aguardando ansiosamente a chegada dessas datas especiais. No entanto, também existem pessoas que o “apagariam” do calendário e que esperam que ele passem rapidamente.

Desinfetar a tristeza




“Dois monges que voltavam ao Templo, encontraram em um rio uma mulher chorando pois ela não conseguia cruzá-lo, porque o rio havia crescido e a corrente era forte.

O mais velho dos monges, sem parar, a pegou nos braços e carregou-a para a outra margem do rio. No terceiro dia de viagem, o jovem monge, sem poder mais se conter, exclamou: “Como você pôde fazer isso, pegar uma mulher nos seus braços? Isso quebra nossas regras.

O monge respondeu com um sorriso: “É possível que eu tenha errado, mas só cruzei uma mulher que precisava de ajuda e a deixei do outro lado do rio”.

“Mas o que acontece com você, já que três dias se passaram desde o episódio e você ainda a carrega esse pensamentos nas costas?” Eu já a deixei do outro lado do rio.   (Fábula)

 

Quando um evento importante afeta nossos valores mais essenciais, tendemos a reagir com espanto.

Às vezes, uma infinidade de ações cotidianas (em casa, trabalho, amizade, família) quebram nossos afetos, nossas emoções e até nossa dignidade de forma profunda, e paralisados ou letárgicos, desmoronados ou insensíveis, encapsulamos nossos corações para não suportar mais dor. Quando consideramos que somos os destinatários de um desastre, tudo se desmorona, nossos medos aumentam, as dúvidas se acumulam e a esperança diminui.

A gratidão e seu poder para combater a tristeza mais profunda




A gratidão é uma virtude esquecida por muitas pessoas. Esse esquecimento é aumentado à medida em que a sociedade nos força a ser mais egoístas, a dar tudo por concedido e a não valorizar o que temos. Quanto mais egoístas nos tornamos, menos capazes somos de perceber o exterior. Menos capazes somos de perceber a simplicidade e a beleza que reina no mundo.

Quando olhamos apenas para dentro, perdemos a perspectiva de vida como um todo. Nós perdemos as nuances da nossa existência. Nos esquecemos muitas vezes inclusive da nossa condição. Nos perdemos nessa dança de rotinas, de “medidas concretas para ser uma pessoa adulta”, de viver para trabalhar… e esquecemos que existimos neste mundo.

Às vezes dá uma tristeza dentro do peito



Nunca tive problemas por ser sensível, nunca me senti fraco.
A sensibilidade requer uma força absurda.


Marcel Camargo

 
Tem dias em que eu acordo com medo. Algo parece em descompasso lá fora e dentro de mim. Então eu oro. Eu me lembro de tudo de bom que já tenho por perto. Então eu agradeço. Porque eu sei que Deus estará comigo, nos dias de sol e nas tempestades que virão. Fé.

Mas não é fácil. Eu leio, reflito, compreendo os momentos da vida, mas, de repente, do nada, sinto angústia, tristeza, desesperança. Talvez muito venha desse tanto que leio e penso o tempo todo. Observo bastante a vida, as pessoas, e nem sempre acabo me deparando com cenas boas. Tem muita gente puxando tapete, jogando afeto no lixo, destilando ódio gratuito, machucando os outros sem titubear.

Meu pai sempre me dizia que eu era muito sensível e é isso. Desde criança, eu abraço a sensibilidade. Minhas lágrimas são fáceis. Deslizam por gente, por bicho, pelo sofrimento que é meu e pelo que não é. Nunca tive problemas com isso, nunca me senti fraco. A sensibilidade requer uma força absurda. Requer sair de si mesmo, entender a dor que não é sua, perceber os próprios erros. E isso não é para qualquer um.

Sempre tive bichos. A primeira morte que me doeu e avassalou foi a de meu pinscher Pimpolho. Eu tinha dez anos e me lembro de mergulhar na dor de uma maneira nada infantil. Eu ouvia música e me lembrava dele. Eu subia no quintal e me lembrava dele. E chorava. Daí meu pai trazia outro cachorrinho, sempre que um morria, de tanto que eu sofria. Desde criança, nunca fugi do sofrimento.

Isso não quer dizer que devemos buscar a tristeza, mas aceitar que ela será nossa companheira inevitável, em muitos momentos de nossa vida. O que importa é a forma como lidaremos com isso. Eu sempre deixei o sofrimento entrar, mas com tempo de estada marcado. Ele sempre teve que sair, nem que na marra. Eu não luto contra a dor, mas também não permito que ela encoste por muito tempo. E acho que isso tem me ajudado a não ser tomado pela tristeza de forma contínua.

Sempre tem alguma coisa que poderá nos ajudar a enxergar essa luz que brilha aqui dentro. Sempre tem o que e quem nos salva. Eu toco piano, leio, escrevo. Terapias. Eu tenho minha família. Amor. Eu sei o quanto eu lutei para chegar onde estou, quase inteiro. História. Tudo isso vai me reerguendo, quando vem a vida e me derruba, quando vem a angústia e me escureço. A gente precisa saber com certeza quais e quem são nossas pílulas de força e de perseverança. Quais são os motivos para que a gente continue. Isso salva.

A vida é assim, um sobe e desce contínuo, uma saraivada de golpes de dureza e de ternura. E eu sempre faço questão de sorver as lembranças ternas, as memórias afetivas, as canções, os livros, os filmes, as festas, os retornos, os abraços, as curas, a esperança, para que fiquem em mim, prontas para me ajudar a combater a dor e a tristeza, quando elas teimarem em me acompanhar. Preencher-me de amor, o máximo que puder. É assim que eu continuo.









Às vezes dá uma tristeza dentro do peito



Nunca tive problemas por ser sensível, nunca me senti fraco.
A sensibilidade requer uma força absurda.


Marcel Camargo

 
Tem dias em que eu acordo com medo. Algo parece em descompasso lá fora e dentro de mim. Então eu oro. Eu me lembro de tudo de bom que já tenho por perto. Então eu agradeço. Porque eu sei que Deus estará comigo, nos dias de sol e nas tempestades que virão. Fé.

Mas não é fácil. Eu leio, reflito, compreendo os momentos da vida, mas, de repente, do nada, sinto angústia, tristeza, desesperança. Talvez muito venha desse tanto que leio e penso o tempo todo. Observo bastante a vida, as pessoas, e nem sempre acabo me deparando com cenas boas. Tem muita gente puxando tapete, jogando afeto no lixo, destilando ódio gratuito, machucando os outros sem titubear.

Existem finais felizes, finais tristes e finais necessários



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Muitas vezes, teremos que sair de relacionamentos, sair de casa, sair do emprego, pular fora, partir, ir embora. Ou isso ou a gente prolonga sofrimento, dor e decepção.


Marcel Camargo



A vida é feita de ciclos, de pequenas histórias que se entrecruzam, de momentos que se somam uns aos outros, de chegadas e de partidas. Como diz a canção, há um vai e um vem na estação de nossas vidas, como num trem sem parada, apressado, cheio de surpresas pelo caminho. Há o que se inicia e o que acaba. Muitos finais pontuam a nossa jornada, ou seja é preciso saber lidar com eles.

Há finais felizes. Relacionamentos de uma vida, amores recíprocos para sempre, amizade eterna, emprego dos sonhos. Finais felizes são aqueles que não acabam nunca, quando algo que nos faz bem fica junto, fica com vontade, faz morada. São aqueles que ficam na gente, mesmo quando já se tornou passado, porque o que é intenso e verdadeiro, ainda que tenha que terminar, jamais sairá de nossos corações.

Há finais tristes. Infelizmente, a vida vai nos obrigar a separações bruscas, repentinas e extremamente dolorosas. Perdemos coisas e pessoas pelo caminho, perdas cujas marcas carregaremos enquanto vivermos. A saudade então nos fará companhia, bem como a lembrança de tudo o que foi bom, roubando-nos sorrisos, acalentando nossa alma, acelerando as batidas de nossos corações, preenchendo-nos de gratidão.

Há finais necessários. Nem tudo o que a gente quer e nem todos que a gente ama vão ficar – e essa será uma das lições mais duras que aprenderemos. Muitas vezes, teremos que sair de relacionamentos, sair de casa, sair do emprego, pular fora, partir, ir embora. Ou isso ou a gente prolonga sofrimento, dor e decepção. Será difícil, mas nossa sobrevivência dependerá da atitude certa em relação à pessoa errada, por mais que isso doa. E dói pra caramba, mas passa.

Como se vê, os finais serão recorrentes em nosso caminhar, sejam bons ou não. Caberá a nós enfrentar cada um deles com coragem, com a esperança de que dali sairemos mais fortes e dali sairemos prontos para receber o que ainda nos aguarda lá na frente. Pontos finais são necessários, para que novas histórias sejam escritas, com a gente protagonizando e conduzindo a trama, fazendo parte de enredos marcantes, inesquecíveis e recheados de amor.













Caminhar na natureza aumenta a criatividade e espanta a tristeza



CAMINHAR NA NATUREZA TORNA O CÉREBRO MAIS CRIATIVO E CURA AS TRISTEZAS !



Adriana Helena


Você está se sentindo cansado, com o corpo e a alma pesada? Pois é, parece que no final do ano tudo fica mais complicado não é verdade? 

Pode ser difícil acreditar, mas caminhar, realmente, pode nos tornar mais felizes, criativos e eliminar o foco das tristezas da vida. Quem diz isso são profissionais de saúde, médicos e neurologistas. Vem comigo saber mais desta pesquisa e comece a colocar em prática desde já!

Um dos defensores desse pensamento é José Ángel Obeso, neurologista e diretor do Centro Integral de Neurociências de Madri, na Espanha. Ele trabalha em hospitais com pessoas que sofrem de depressão, e foi capaz de concluir que uma hora de caminhada por dia, principalmente em ambientes naturais, é terapêutico e aumenta a qualidade de vida.

Quando vivemos longos períodos em estados de depressão e ansiedade, somos prejudicados nos processos cognitivos, como memória, criatividade, assimilação e compreensão do mundo ao nosso redor. As caminhadas podem ajudar uma pessoa a se livrar dos efeitos negativos da depressão e ansiedade, ampliando sua visão e perspectivas.

A infelicidade causada pelo costume do “automático”Cada vez mais nossos hábitos estão automatizando nossos cérebros, o que favorece o estresse e contribui para a infelicidade. A rotina, muitas vezes entediante e sem perspectivas, coloca-nos em uma espiral de depressão e desânimo. Dessa maneira, nossos cérebros tornam-se mais preguiçosos e lentos, porque não há nada novo para despertar sua atenção, nenhum estímulo que, verdadeiramente, valha a pena. Experimentamos perdas de memória, causadas pela motivação praticamente inexistente e menos conexões neurais.




Essa realidade é muito perigosa e para nossa qualidade de vida, pois nossa rotina resume-se à mesmice, não existem novidades ou coisas que despertem sentimentos de prazer, criatividade, alegria e motivação. Tudo funciona de forma mecânica.

O Dr. José Ángel Obeso, defende que a decorrência dessa automatização dos processos cerebrais é mais frequente em grandes polos, nos quais vivem pessoas que raramente dedicam tempo as suas necessidades, e vivem em ambientes poluídos e tóxicos, com um grande nível de estresse e ansiedade.

As caminhadas como uma forma de libertação

É importante que o hábito de caminhar não seja visto como uma obrigação, mas como um compromisso pessoal de libertação. Os efeitos positivos dessa prática não são sentidos logo no primeiro dia, mas após cerca de uma semana, já se torna um hábito, e a partir daí conseguimos identificar os benefícios, segundo José Ángel Obeso.




Os benefícios principais das caminhadas são:

Eliminação das preocupações: enquanto caminhamos, nossas mentes não precisam estar focadas nos problemas ou preocupações da vida. É uma atividade tranquila e fácil de ser realizada, que nos relaxa e permite a entrada de ar puro no corpo, que nos renova. Esse relaxamento estimula o lobo frontal, parte do cérebro responsável pela criatividade e humor. Isso, aliado a liberação de endorfinas, cria a situação perfeita para a transformação corporal que nos torna mais otimistas e criativos.

Melhora do estado de espírito: Durante as caminhadas, o cortisol, hormônio de resposta ao estresse, some e leva consigo os fatores que nos causam negatividade. A partir dessa mudança, começamos a enxergar as coisas com mais entusiasmo, confiança e otimismo.




Contato com a natureza: Estamos acostumados a nos espremer em espaços fechados durante todas as nossas vidas: casas, empresas, supermercados, shoppings, e essa constante limitação pode nos sobrecarregar. No entanto, quando praticamos nossas caminhadas em espaços naturais, sentimos verdadeira liberdade e oportunidade de expansão. Por esse motivo, José Ángel Obeso, defende que devemos buscar proximidade com a natureza. A conexão com o natural é uma necessidade humana para melhoria de vida, pois proporciona absorção de oxigênio puro, novos estímulos, perspectivas e paisagens.

Faça dessa leitura uma motivação para começar a caminhar todos os dias, mesmo que por pouco tempo. Comece devagar, mas comprometa-se consigo mesmo e sua plenitude de vida!

Vá a parques, lagos, florestas, praias. Você notará uma grande mudança em sua saúde física e emocional. E se possível, nos primeiros dias, ouça uma música tranquila, relaxante, que cura os males da alma e te deixa renovado para recomeçar a viver uma vida plena e feliz... Quando já estiver se acostumando, poderá partir para uma playlist mais agitada! Venha comigo! Eu te acompanho! Linda semana!! 








Imagens do Tumblr 




Postado em Vivendo Bem Feliz



Deixem-nos chorar !



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Susiane Canal


Não precisamos estar bem o tempo inteiro. Muito menos, fazer de conta que está tudo ok, quando estamos longe disso. 

Chorar, vez ou outra, é vital. Sentir, verdadeiramente, faz bem. Somos humanos. 

Independentemente do que esperam de nós, precisamos, sobretudo, respeitar nossos momentos.


Porque há momentos em que apenas queremos ficar calados

Precisamos sentir toda a tristeza que surge em nosso ser

Necessitamos não ser questionados, nem confrontados

Apenas respeitados.


Deixem-nos, vez ou outra, mergulhar em nossas incertezas

Decifrar as nossas desilusões

Curtir a desconstituição de algumas “verdades”

Viver o luto pela perda de sonhos…


Não podemos sufocar o turbilhão de emoções que nos habita

E que, volta e meia, entra em erupção

Precisamos contemplar esse calor todo saindo do nosso íntimo

E confirmar que as cinzas se depositarão, mansamente, às margens de nossa existência…


Precisamos chorar para extravasar, para nos libertarmos

Pela pessoa que gostaríamos de ser e talvez não estejamos sendo

Pelo que desejamos que as pessoas fossem, mas elas não são

Pelas possibilidades pedidas sem serem experimentadas

Pelos momentos de covardia, de intolerância, ou de insensatez

Pelas injustiças do mundo, e pela inconstância da vida

Para nos reconhecermos humanos, enfim…


O que será de nós se mantivermos tudo isso aprisionado?!

Se desintegrar e se reconstituir faz parte de uma vida que foi realmente vivida…


Deixem-nos, então, a sós, e em paz

Deixem-nos, vez ou outra, chorar

E deixem-nos livres para sermos nós mesmos e sentirmos, ao nosso modo, tudo o que se apresentar…



Postado em Conti Outra







Aos olhos tristes é preciso fazer menos perguntas e dar mais abraços





Raquel Brito

Quando uma pessoa está triste tendemos a enchê-la de perguntas sobre o que está acontecendo, por que está se sentindo assim, como ela está, como podemos ajudá-la, etc. Contudo, às vezes aos olhos tristes é preciso fazer menos perguntas e dar mais abraços.

Porque quando nos sentimos mal e estamos rodeados por uma tempestade de tristeza, a mente e o corpo precisam do apoio emocional de nossos amigos e das pessoas que são queridas por nós.

A tristeza é uma emoção útil e básica que tem como peculiaridade a sua capacidade de promover a empatia dos outros para com a pessoa triste, e assim favorece o apoio emocional para quem precisa de um ombro para encostar. 

A normalização e a validação da tristeza

Muitas vezes as pessoas não precisam de palavras de bom humor e sim de corações pacientes que ouçam e ofereçam um abraço quando estão atravessando momentos emocionalmente complicados.

Ou seja, a melhor forma de ajudar uma pessoa que está triste é simplesmente oferecendo a sua presença sem palavras, colocando a mão sobre o seu ombro e olhando-a com carinho e sinceridade.

Porque há momentos em que as palavras sobram e a única coisa que precisamos é que nos deixem tranquilos, poder respirar e colocar em ordem os pensamentos, pois no fim das contas a tristeza facilita a introspecção. 

“A nossa sociedade tem cada vez menos tolerância para qualquer tipo de sofrimento e mal-estar. A necessidade de se sentir feliz faz com que muitas vezes não suportemos conviver com a tristeza” -Narcís Cardonés- 

A tristeza, uma linguagem universal

A tristeza é a emoção da pena, da perda, e do prejuízo. Uma experiência que, apesar de negativa, é saudável para nós, já que inspira uma consciência maior de tudo aquilo que nos rodeia.

Esta experiência emocional cresce e permanece quando percebemos que nos encontramos em solidão, pois se soma ao desânimo e gera um morro ou montanha cada vez maior que custamos a assumir e que pode chegar a se transformar em uma patologia e se materializar em um estado emocional insano. 

Abraçar certos olhos tristes simboliza o acolhimento e o sustento do mundo no qual se vive, a luta conjunta e o apoio emocional. 

Abraçar esse demônios que vêm para nos dizer alguma coisa 

Bloquear as nossas emoções é um erro grave. Isto é o que nos ensinam os filmes como “Divertida Mente”. Concretamente, a tristeza nos ajuda através da desmotivação que nos faz refletir, analisar e evocar comportamentos de cuidado para com os outros.


monstrinha-triste


Por isso, assim como costuma-se dizer, se negamos a nossa tristeza e não a demonstramos perdemos tudo isso, não obtendo a oportunidade de receber um abraço longo e carinhoso que nos ajude a lembrar que não estamos sozinhos e que dê apoio a nossos olhos tristes.

A sociedade das receitas de felicidade nos obriga a estar alegres sempre e a não permitir o sofrimento, pois este é visto como anormal e negativo. Entende-se que a tristeza nos transporta para um lugar indesejado e, no fim, caímos na armadilha do desejo excessivo.

Por isso, um abraço sem questionamentos nem perguntas nos ajuda a normalizar que podemos estar tristes e que, de fato, devemos aceitá-lo. Que o nosso entorno não julgue e menospreze o nosso estado emocional é essencial para recuperarmos a confiança em nós mesmos.

Porque há abraços que nos ajudam a recompor as partes que estavam quebradas em nossos corações, aceitando que nossos dias têm tantas nuances quanto as nossas circunstâncias, e compreendendo que nossas emoções devem ficar à margem desse supermercado de razões e receitas para quase tudo.









Depressão ou tristeza do final de ano ?





Márcia Homem de Mello

Chegou mais um final de ano. Avaliações, cobranças, arrependimentos, conquistas, perdas, ganhos, enfim, fase de avaliar o que se fez ou deixou de se fazer.

Uns comemoram, outros são mais pacíficos, mais há o grupo dos entristecidos. Um grupo que nessa época se fecha, se retrai, fica muito pensativo, irritado, mais agressivo.

Ficar triste nessa época é natural, devido ás avaliações e reflexões que são feitas, e se existe ainda a lembrança da morte de um ente querido, que não foi elaborada, ou uma perda significativa (separação, emprego, reprovação escolar...), haverá o sentimento de luto pela perda.

Estamos falando da tristeza, pois é natural ficar triste durante um período. Não é normal, se existe o desejo da morte, se o indivíduo ficou triste um ano inteiro, ou deixou de fazer as atividades que fazem parte de sua rotina. Se esses sinais aparecem é indicio de que o corpo não está suportando mais, está ficando doente, é hora de se pensar em depressão.

É normal a pessoa confundir ainda hoje, depressão com tristeza, “baixo astral”, fossa, ou atribuírem os sentimentos à “fase ruim”. A tristeza é um sentimento que acontece com qualquer pessoa, mas é passageiro, não altera o funcionamento do indivíduo.

Entristecer não é deprimir. É uma conscientização da situação ou condição que não é aquela que o indivíduo desejaria que fosse, independente de ser ou não fantasiosa. Todo ser humano tem momentos de tristeza, faz parte da vida.

O dia de Natal, por ser um dia considerado cultural e socialmente familiar de união, de troca, de religiosidade, é um dia em que muitas pessoas se entristecem, pois as lembranças podem ser dolorosas, alguma feridas ainda não cicatrizadas podem voltar a sangrar, a percepção da realidade pode não agradar.

A passagem de ano, por representar o recomeço, uma nova oportunidade, o deixar para trás o que não foi bom, é um dia de festa e geralmente é mais alegre que o Natal.

Vale ressaltar que ambos os momentos tem seus simbolismos e ajudam a reflexão e amadurecimento.

Comemore a chegada do ano, mesmo que esteja só, faça um jantar diferente, coloque uma roupa que goste, se dê um presente, e quando chegar a meia noite, estoure a sua champagne ou abre uma garrafa de alguma coisa que você goste muito de tomar.

No mínimo, você terá um bom motivo para comemorar, a sua oportunidade de poder estar com vida, diante de um mundo de tanta violência. E por que não, desejar paz ao resto do mundo?

Boas Festas!





A melancolia fora de lugar


Gravura "Mellancolia", de Albrecht Dürer
 Albrecht Dürer, Melancolia


Arlindenor Pedro


Refletir, pensar, saber o porquê: eis uma das características marcantes dos seres humanos – que se acentua em alguns, noutros menos.



Sentir, provar, viver intensamente o que se apresenta, eis outra característica que também se acentua em uns, em outros não tanto.

Ser melancólico e saber o que é melancolia, creio, sempre acompanhou o homem em sua trajetória pela terra. Melancolia, então, tornou- se um grande enigma: por uns vivido, por outros pretensamente desvendado.

Embora presente em todas as culturas, foi entre os gregos da Antiguidade que se destacou a sua racionalização, ou seja, a real compreensão do que poderia ser. 

Em Aristóteles conseguimos ter sua sistematizacão, que chegou até nós após ter influenciado várias sociedades. Ele faz uma clara associação entre melancolia e criatividade.

“Por que razão todos os que foram homens de exceção, no que concerne à filosofia, à ciência do Estado, à poesia ou às artes são manifestamente melancólicos, e alguns a ponto de serem tomados por males dos quais a bile negra é a origem (…)?” (Aristóteles, “O Problema XXX”).

Talvez guiados por essa pergunta, artistas procuraram retratar tal comportamento, cientistas buscaram suas causas e, naturalmente, melancólicos trataram de vivê-la na sua intensidade, como na Renascença e no Romantismo, quando era “doença bem-vinda”, pois enriquecia a alma.

Provavelmente a gravura Mellancolia, de Albrecht Dürer, produzida nesse período, seja a obra mais conhecida sobre o tema, atravessando os tempos e nos colocando frente a frente com tal enigma.

No nascimento da era industrial, com o texto Luto e Melancolia, de Freud, parece que nos aproximamos mais do momento de desvendá-la. Para Freud, a melancolia é um estado emocional semelhante ao processo de luto – semelhante, não igual, pois não há a perda que o caracteriza. A melancolia pode ocorrer sem causa definida.

Mas, na sociedade moderna, principalmente na contemporaneidade, constatamos que a melancolia não é mais bem-vinda, pois se choca com o espírito hedonista necessário a um “bem-viver” e a uma padronização normótica.

No início do século XX, Edward Bernays, sobrinho de Freud que vivia nos Estados Unidos, apropriou-se dos estudos do renomado cientista – que via no interior da mente humana áreas ainda não conhecidas, a que chamou de inconsciente, onde existiriam forças que moldavam seu comportamento. 

Observou, então, que essas forças podiam ser controladas e desenvolveu, através de técnicas da psicanálise e de conselhos de seu tio, mecanismos que pudessem induzir ao consumo de bens, mesmo que desnecessários ao pretenso consumidor.

Em Bernays vemos a gênese do que foram as técnicas de propaganda e controle da mente que deram à humanidade tanto as grandes ações de propaganda do nazi-fascismo e do “socialismo real” da terceira internacional, quanto o desenvolvimento das campanhas de massa do agressivo capitalismo norte-americano. Aquilo que Guy Debord chamou de “espetáculo concentrado”, contido nas sociedades totalitárias e no “espetáculo difuso das sociedades ditas democráticas (“A Sociedade do Espetáculo”).

Após apropriar-se da força de trabalho do homem o capital parte, então, através das técnicas de propaganda (das quais Bernays é pioneiro), para o controle e a manipulação do que poderiam ser seus gostos, sentimentos, desejos… enfim: da sua alma.

É por demais conhecido o estudo de caso da campanha de marketing criada por Bernays no início do século passado, que levou as mulheres americanas a fumar em público (coisa até então inimaginável) .

Ocorre, então, que a melancolia se apresenta como necessária de ser controlada, por todos os meios disponíveis criados pela psicologia, pela psicanálise e pela psiquiatria.

No mundo racional, em que tudo é previsível, a melancolia não tem lugar. Tem que ser substituída por atitudes que todos julguem ter sob controle. As emoções serão então contidas, dando lugar a relações humanas totalmente reificadas.

Mas será que esse controle se dá na sua totalidade? Ou, deve a humanidade reagir a tal desígnio, traçado por um sistema sem sujeitos? 

Mais ainda: a melancolia deve ser extirpada e tratada como uma doença hostil ao homem?

Na ação concreta da obra de arte, o artista exercita claramente a sua liberdade livrando-se das amarras a ele impostas. A obra que apresenta ao mundo, e que a partir daí não mais lhe pertencerá, torna-se um instrumento de libertação, que cada um viverá de acordo com seu senso estético, suas considerações. Tocar a sensibilidade, chegar até a alma – eis aí o caminho do artista.

No filme Melancolia, o cineasta dinamarquês Lars Von Trier nos coloca diante da temática da euforia e do sofrimento através de um filme em que não existe saída, e o final não é feliz. Tenta dessa forma tocar a nossa alma com um tema sobre o qual, no passado, debruçaram-se tantos pensadores.

Trata-se de um filme de atmosfera especial, cheio de simbolismos. O espectador escolherá sua identificação com os personagens, numa situação-limite de fim próximo – não o fim de um ser, individualmente, mas da totalidade do mundo onde vivemos, com suas cidades, florestas, animais etc.

Vemos então o embate entre os diversos personagens, com sua postura perante o mundo, destacando-se a relação entre duas irmãs com visões diametralmente opostas perante a vida e o fim que se aproxima.

Para horror de muitos, Von Trier nos faz refletir sobre a morte (no sentido da extinção da espécie) e o sofrimento, que tanto queremos afastar de nós. Apresenta-nos um planeta com uma trajetória de colisão determinada, sem possibilidade de mudanças: o que fazer em um momento que não há nada a fazer?

Diante do desespero de sua irmã, Justine, a personagem afetada pela melancolia, vê como perfeitamente lógico o desfechar trágico de suas vidas. Como se fosse o esperado: afinal, não fará nenhuma diferença no Universo!

Trazendo este tema para reflexão, Von Trier nos mostra a sensibilidade dos melancólicos e o seu desajuste em relação ao mundo real. 

E ao mesmo tempo a necessidade de equilibrar razão e sentimento, em um mundo onde o deus da razão reina absoluto, afastando os sentimentos dionisíacos da humanidade.

Talvez não estejam errados os que veem no planeta, denominado Melancolia no filme, e que irá chocar-se com a Terra, uma alusão aos perigos que rondam a nossa e outras espécies em um mundo erigido pelo capitalismo, com sua devastação ambiental. 

Salta aos olhos de todos que o planeta está em perigo. E, nesse sentido, os melancólicos são mais conhecedores do perigo que corremos .

Não restam dúvidas de que o homem contemporâneo, aprisionado por um sistema que não lhe permite ver a totalidade do mundo em que vive, tornou-se limitado e regrediu na sua capacidade de observar e sentir a realidade. 

Muito por ter combatido e afastado a melancolia de sua existência, tornou pobre a sua alma – ao contrário do homem da Renascença e do Romantismo, este um ser mais completo por não temer essa forma de ser.


Postado no site Outras Palavras em 14/11/2013






A alegria na tristeza


por Martha Medeiros      

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.

Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.                         
               
                                                 
Marta Medeiros é escritora gaúcha e colunista em jornais.